tenho medo

O que eu dava para ter mais um ou dois minutinhos contigo, aliás, o que eu não daria para ter uma vida inteira a teu lado mas pelos vistos, isso é pedir de mais, portanto acho que tenho pelo menos direito a este curto espaço de tempo (um ou dois minutinhos), sinceramente, não sei porque ainda tenho esperanças que te lembres disto e venhas aqui para ver se escrevi alguma coisa depois do que aconteceu, não sei mesmo mas algo me diz que devo continuar a escrever e por isso vou tentar dizer tudo aquilo que tu não quiseste ouvir.
Eu merecia melhor, talvez merecesse mas eu não quero melhor, tu fazias-me feliz com tudo o que me davas, até as pequenas coisas, tu punhas-me logo bem disposta apenas pelo simples facto de vires ter comigo de manhã, ainda que fosse rápido, tu vinhas, era isso que importava.
Desifectaste as minhas feridas e curaste-as e na altura, eu não sabia como te agradecer, ainda mesmo que não soubesses que o tinhas feito, mas, abris-te novas e arrependido por isso, fechaste-as logo a seguir, prometendo-me coisas que no fundo, ambos sabíamos que provavelmente nunca cumpririas mas mesmo assim, eu, que sempre fui pessoa de acreditar em excepções, acreditei em todas essas promessas e entreguei-me a ti, por completo.
Não as cumpris-te e apesar de já ter considerado que isso pudesse acontecer, desiludiste-me e para além disso, partiste-me o coração da mesma forma que eu me entreguei a ti: por completo.
O que eu queria mesmo dizer-te é que tenho medo, deves achar idiota dizer-te isto porque não é novidade, sempre o tive mas desta vez é um medo diferente:
Eu tenho medo que te esqueças de mim, tenho medo que passes por mim na rua e já nem te lembres de quem sou, tenho medo que não fales de mim a ninguém, que me guardes simplesmente como uma má recordação, ou apenas como uma experiência muito produtiva, como dizias... E tenho medo que passes por mim de carro e vires a cara e tenho medo que um dia já não te recordes das horas que passámos naquelas escadas de pedra ou do dia em que me fizeste fazer escalada e sobretudo tenho medo que te esqueças que eu se te vir na rua vou-me lembrar de quem és e vou logo falar-te e tenho medo que te esqueças que vou falar de ti e toda a gente e te vou guardar sempre como uma boa recordação e tenho medo que te esqueças que se passares por mim de carro eu vou-te acenar ou que te esqueças que eu nunca vou esquecer aquelas duas tardes e sobretudo que aches que o primeiro amor não passa disso, do primeiro, porque tu foste mais que isso, muito mais.