é estranho

Não me percebo, ando perdida, disses-te que vinhas e eu nem me arranjei, vagueio pela casa com uma garrafa de sumo na mão e o cabelo despentiado, só calçei o chinelo do pé esquerdo, a campainha está a tocar à meia hora, talvez sejas tu, não sei, não me apetece atender, pus o telefone no silêncio e deitei-me sobre a carpete branca, fiquei a mirar o tecto, fecho os olhos e tento relembrar coisas boas, ocorrem-me imensas, apesar de tudo todas as memórias que tenho são boas, porque em parte entras em quase todas elas, respiro fundo, não vale a pena duvidar de nada, tenho provas mais que suficientes que tudo isto é real, eu não estou a sonhar.
Oiço o trinco da porta, não me mexo, mesmo que venham assaltar a casa, sinto que nada me pode magoar, só mesmo tu.
Sentas-te ao meu lado e eu abro os olhos ao de leve, esqueci-me que tinhas uma cópia da chave, aliás de todas as chaves.
- Diz que me amas - Pedi.
- Como?
- Usa palavras...
- É estranho.
- Os teus gestos também são estranhos.
- Mas são sinceros.
De súbito, abro os olhos como se tivesse sido apanhada de surpresa, vejo-me aterrorizada com a realidade das tuas palavras.
Beijas-me.
- Chega? - Perguntas.